Foto: De Paula – A foz do Rio Coxim com o Taquari, ao entardecer, tendo ao fundo a ponte da BR 163. (Expedição preparatória para as incursões de resgate cultural da rota das monções. Abri 2022)._
O rio Coxim, quando se navegava para as minas de Cuiabá ou se retornava para o povoado de São Paulo de Piratininga, era ao longo do trajeto monçoeiro, o que oferecia maior perigo para os navegantes, pois em suas cachoeiras, corredeiras e desfiladeiros, muitas canoas se despedaçaram e algumas vidas se perderam.
A última cachoeira desse trecho ficava um pouco abaixo da foz do rio Coxim com o Taquari, era o último obstáculo natural a ser transposto. As canoas e as cargas eram desembarcadas na Roça do João Araújo, onde está situado hoje, parte do bairro Piracema (do posto Faedo ao posto Piracema). As cargas eram levadas as costas e as canoas de montaria e batelões eram puxadas com cordas.
Em virtude da cachoeira o rio Taquari neste ponto era mais estreito, sendo o local escolhido, na atualidade, para a construção de duas pontes de concreto. A primeira a ser construída foi a chamada “ponte velha” interligando os bairros de um e de outro lado da cidade. A segunda, construída na década de 1970 foi a ponte sobre a BR 163. A cachoeira foi desaparecendo ao longo desses trezentos anos em virtude da deposição de sedimentos. Hoje existe apenas uma corredeira de águas agitadas.
Vejamos o registro da passagem do Governador de São Paulo, quando passou por aqui em 1726:
“...e se passou ao por do sol pela barra do rio Taquari-mirim [Riozinho] e se chegou a noite a roça de João de Araujo... se descarregaram as canoas e vararam passando-se as cargas às costas para a outra parte da roça e mesma tarde fomos buscar pouso depois de passada a barra do Taquari-assú e nela uma cachoeira tão perigosa e com tanta violência de águas por um canal tão estreito e cercado de pedras e de penhascos que qualquer leve toque de canoa basta para sacudir gente e cargas e perder tudo: chama-se a esta cachoeira o último perigo do Quexeim: neste topou uma canoa que vinha dois ou três dias atrás das nossas: sacudiu fora a gente e se afogaram dois negros e uma negra.” (Noticia 6ª Prática – viagem de Rodrigo Cézar de Meneses – 1726 – In Relatos Monçoeiros – A. E. Taunay)
“Projeto Resgate, Promoção e Valorização do Patrimônio Cultural da Rota das Monções .
Fundo Estadual de Defesa e de Reparação de Interesses Difusos Lesados – FUNLES / OSC Espaço Manancial/ Salt Media”.
Rota das Monções: "Se o Brasil nasceu na Bahia, o Brasil cresceu por aqui.”
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