
(SEGUNDA PARTE)
O conhecimento e as habilidades dos escravos negros nas minas de Cuiabá
Quando os bandeirantes de Paschoal Moreira Cabral Leme descobriram o ouro em Cuiabá, embora estivessem a procura do precioso metal e de pedras preciosas, seus conhecimentos sobre mineração eram limitados. Eram extremamente habilidosos nas atividades sertanistas, varando desde muito, a região da Vacaria e dos Pantanais. Seus instrumentos de garimpar não passavam de pratos de madeira e estanho que utilizavam a guisa de bateia.
“Aquelles homens, audazes sertanistas, eram pessimos mineiros ;(...) sem o auxilio das noções mais elementares de arte de conhecer os terrenos auríferos, de extrahir ouro e de prepara-lo. A sua arte era mais que embryonaria, consistindo os seus instrumentos, por assim dizer, no escravo negro armado de batêa e do almocafre (...)” (sic) (WASHINGTON LUIS).
Ainda em 1719, Fernando Dias Falcão, chefe de outra bandeira, após ver a grande descoberta, deixou parte de seus bandeirantes em apoio a Paschoal e voltou a São Paulo para buscar pessoas, equipamentos e materiais necessários a extrair o ouro. Voltou então a Cuiabá, trazendo equipamentos de minerar e 40 negros africanos habilidosos na arte de mineração, da metalurgia e de outros afazeres, com o intuito de estruturar o arraial e as lavras recém descobertas e abertas.
“Nesse mesmo anno ou em fins do anterior [1719], tambem regressou Fernando Dias Falcão, (...) levando enorme bagagem e mais de 40 negros, entre os quaes havia ferreiros, carpinteiros e alfaiates. (...) organizou uma expedição numerosa e habilitada (...)era, ao contrario, uma expedição providamente munida de todos os recursos que a época permittia, prevenida com todas as condições de resistência” (sic) (WASHINGTON LUIS).

A lida na garimpagem, tradição passada de pais para filhos, através de várias gerações.
A época era muito valorizado pelos traficantes de escravos africanos, trazer mão-de- obra especializada para os garimpos, da África. Escravos oriundos das regiões do Congo, de Angola, de Benguela, que dominavam a arte da cutelaria, da ourivesaria, da fundição e da forja de metais e outras especializações eram comercializados por melhores valores, principalmente aqueles experientes em encontrar e processar ferro e ouro.

Ilustração: habilidade dos africanos na fundição do ferro e na cutelaria.
Os negros Mina
Dentre os mais procurados e requisitados estavam os ferreiros da Costa da Guiné e os mineradores da Costa da Mina, que eram chamados de negro mina ou negra mina, ou então simplesmente Mina. O povo da etnia Mina detinham uma tradição secular de laborar nas descobertas, extração de ouro e ferro e dominar a metalurgia desses metais, principalmente o ferro, produzindo ferramentas e utensílios. O primoroso conhecimento técnico desses povos foi construído ao longo de centenas de anos, muito antes do contato exploratório dos reinos europeus.
“É certo que os negros Mina (...) eram, segundo Eduardo Paiva, “tradicionais conhecedores de técnicas de mineração do ouro e do ferro, além de dominarem antigas técnicas de fundição desses metais”.(FREITAS E SOUZA).
Os navegantes lusitanos chamavam de Costa da Mina a região compreendida pelo golfo da Guiné, especialmente o atual estado de Gana, local em que os portugueses em 1482 construíram o castelo de São Jorge de Mina. Nestes portos os traficantes lusos-brasileiros embarcavam os escravos africanos principalmente os da etnia Mina, conhecidos como Negro-mina.
Os escravos preferidos para embarcarem com destino ao Brasil eram aqueles tinham o domínio de técnicas de mineração do ouro e do ferro, e de fundição desses metais. Possuir escravos Mina na exploração do ouro traria ao proprietário muita sorte por ter um Mina ao seu lado. Atribuía-se a opulência de alguns a essa crendice popular.

Beleza das mulheres africanas (Fonte: br.pinterest.com)
Aos Mina atribuía-se um grande poder de descobrir ouro, além do domínio de técnicas de extração do precioso mineral. Os ferreiros e metalúrgicos Mina dominavam também o conhecimento em descobrir ferro, forja-los e fundi-los em pequenas e improvisadas oficinas, transformando-os em utensílios úteis para serem usados no dia-a-dia, principalmente nas atividades de mineração.

Preparando o ferro a partir do mineral hematita para a produção ferramentas. (imagem: Reprodução/Redes sociais)
A ilustração mostra os africanos na atividade de metalurgia, destacando o papel das mulheres na coleta e no transporte do minério de ferro, ou seja da pedra-canga rica em oxido de ferro (pedra de cascalho vermelho). O responsável pelo processamento submetendo a pedra-canga à alta temperatura transformando-a em uma massa chamada de ferro-esponja. Através do processo de óxido-redução, com a queima do carvão a alta temperatura processo obtido com o sopro de ar realizado por um improvisado fole de couro de animal. Outra equipe submetia o ferro esponja, ao processo de martelamento, produzindo ferramentas úteis no dia-a-dia. O martelamento com instrumentos improvisados era feito com pedras resistentes usadas a guisa de bigorna e martelo.
“Os povos da Guiné detinham um poder sobrenatural, que se fazia evidente ao transformarem o solo laterítico em instrumentos de ferro (...)”. (SILVA).
O ferro-esponja obtido na fornalha também poderia ser forjado para criar formas e a partir das formas produzir peças em série. Através do martelamento podiam ser fabricados braceletes, adagas, cinzeis, enxós, picaretas, almocafres, ganchos. machado, lingotes ou chapas de metal para a produção de recipientes diversos.
A arte milenar da metalurgia entre os povos africanos
A tecnologia de mineração, concentração do minério, a redução, a elaboração e vazamento dos metais é bastante antiga remontando a mais de 2.500 anos. No continente africano, os egípcios dominavam essas técnicas a muitos anos, que com o passar dos anos foi sendo difundida aos povos vizinhos chegando ao conhecimento e domínio de etnias africanas como os Mina na costa da Guiné.
A ilustração mostra os africanos na atividade de metalurgia, destacando o papel das mulheres na coleta e no transporte do minério de ferro, ou seja da pedra-canga rica em oxido de ferro (pedra de cascalho vermelho). O responsável pelo processamento submetendo a pedra-canga à alta temperatura transformando-a em uma massa chamada de ferro-esponja. Através do processo de óxido-redução era obtido, com a queima do carvão a alta temperatura, processo obtido com o sopro de ar realizado por um improvisado fole de couro de animal. Outra equipe submetia o ferro esponja, ao processo de martelamento, produzindo ferramentas úteis no dia-a-dia. O martelamento com instrumentos improvisados era feito com pedras resistentes usadas a guisa de bigorna e martelo.

Afresco egípcio – sopro pulmonar em equipe para aumento de temperatura do forno de fundição.
O sopro pulmonar era realizado através de extensos canudos colocados nas entradas do forno, canalizando o fluxo de ar para o interior do carvão. Um afresco pintado em um túmulo de um alto funcionário do antigo império Egípcio (2.407–2.260 a.C.) em Sacara mostra a ação de seis fundidores de metal assoprando, como o auxilio de canudos, dois cadinhos de fundição. Obteve-se a seguinte mensagem ao traduzir os hieróglifos: “Este é um cadinho novo, venham para o lado dele e assoprem, colegas.”. Em outro afresco do mesmo período, na tumba de um Vizir, vê-se os fundidores assoprando um cadinho em um canto de uma parede.

Afresco egípcio – sopro pulmonar para aumento de temperatura do forno de fundição.
A invenção do fole provocou uma verdadeira revolução na metalurgia do passado, pois o desempenho obtido com o sopro do rudimentar sistema acelerava o processo e aumentava o calor da fornalha pela maior entrada de oxigênio.

Afresco egípcio – Utilização de um fole e sopro pulmonar para melhor aquecer o forno.
Inicialmente era um só fole, acionado com a movimentação do pé. Uma tira era fixada na parte superior do fole , passando por entre os dedos do pé chegava até as mãos servindo de dispositivo para suspender a parte superior assim que o mesma era pressionado para baixo, expelindo o ar. O sistema assemelhava-se as bombinhas de encher colchões infláveis na atualidade.
Posteriormente os foles foram quadriplicados sendo acionados por duas pessoas que utilizavam os dois pés, tornando mais vigoroso o fluxo de ar dentro do forno, acelerando e aumentando a temperatura interna. Algumas vezes o sistema era reforçado com o sopro pulmonar através de um canudo.

Afresco egípcios – uso de 4 foles a pedal para aquecimento do forno.
O sistema usado pelos egípcios acabou por ser assimilado pelos estados vizinhos, chegando a Costa da Mina, sendo adaptada a realidade da etnia Mina, que souberam aproveitar os mecanismos criando adaptações de acordo com os materiais que tinham a mão. Assim o fole de pedal foi substituído por foles manuais e foles confeccionados com couro de animais. Os cadinhos de material refratário foram substituídos por pedras que cercavam a fogueira a carvão retendo o calor do fogo.

Oficina artesanal de fundição de ferro (Foto: James Dorsey.https://www.gonomad.com )
Para os africanos, a ausência de instrumentos e equipamentos especializados para a montagem de uma oficina de metalurgia não impedia que as atividades fossem desenvolvidas, pois de forma improvisada e criativa, usando recursos naturais disponíveis, conseguiam trabalhar não só na cutelaria mas também na transformação da pedra-canga em metal de ferro e o mesmo em ferro fundido ou ferramentas marteladas em bigornas improvisadas.

Fole manual duplo confeccionados com couro de animal (Foto: James Dorsey.https://www.gonomad.com )
Nas oficinas dos ferreiros, as ferramentas quebradas, desgastadas e inservíveis eram retrabalhadas, constituindo-se em importante matéria prima para a confecção de novos produtos, uma vez que barras de metal vinham do porto do rio de janeiro, alcançando altos preços no mercado cuiabano.

Ferramentas improvisadas utilizados na forja de metais
A capacidade de saber fazer e as habilidades dos Mina quanto a mineração do ouro, suas capacidades e conhecimentos mineratórios e metalúrgicos, vinham ao encontro dos anseios dos proprietários de lavras, minas e comerciantes. Intensificou-se a procura dos escravos vindos da Costa da Mina, que acabaram por povoar e ocupar as ricas terras minerais. Algumas regiões de mineração, 40% da população era construída por negros Mina.
“a predominância Bantu em Mato Grosso tem sido afirmada a partir de trabalhos antropológicos e ultimamente alguns levantamentos documentais tem preliminarmente confirmado essas afirmações, no longo do prazo. Contudo, tais levantamentos apontam também a presença sudanesa, em especial Mina.”( Rosa)

Quando da abertura das minas nas Gerais, segundo alguns historiadores, o volume do tráfico de escravos negros triplicou, calculando-se que somente de Mina, foram importados 560.000 trabalhadores, ou seja mais de meio milhão de pessoas.
(Imagem: https://www.dw.com/)
"No final do século XVII, a descoberta do ouro na província de Minas Gerais criará uma nova demanda de mão-de-obra e triplicará o volume do tráfico. Calcula-se que 1. 700.000 negros foram importados, dos quais 1.140.000 vindos de Angola e os demais da Costa da Mina”(MATTOSO).

Conduzindo escravos (ilustração :www.bbc.com/turkce/)
Quando a monção de Fernando Dias Falcão chegou a Cuiabá em 1719 trazendo mão de obra especializada para atuarem nos garimpos de ouro, grande parte dos 40 negros por ele trazidos eram da Costa da Mina, o que deu um grande impulso na mineração artesanal da baixada cuiabana. Oito anos de depois dessa monção com africanos, o contingente de escravos negros em Cuiabá, conforme registrado nos anais da Câmara, chegou a 2.607 indivíduos (1727). Se considerarmos o percentual de 40% como apontam pesquisas realizadas em algumas regiões, teríamos um contingente de mais um mil escravos Mina trabalhando na localidade, naquele período.

Escolha dos escravos ( ilustração: www.sabah.com.tr/)
A hibridação cultural nas lavras Cuiabanas e os empréstimos técnicos dos Mina.
O principal centro de abastecimento de ferramentas e equipamentos distava mais de 3.600 km de um trajeto fluvial que podia durar mais de quatro meses. Mercadorias importadas da Europa chegavam aos portos do Rio de Janeiro, em comboios tropeiros eram levados até a Vila de São Paulo onde eram comercializadas. O comprador tinha que percorrer, no lombo de tropas de animais, um longo caminho até Itú, ao porto de Araraitaguaba, embarcando finalmente rumo as minas cuiabanas.
A implantação de pequenas forjas de ferro, mantidas e operadas pelos Mina, colocava no mercado das lavras, ferramentas diversas, como os almocafres, enxadas, marretas, picãos, picaretas, alabancas e bateias que eram as ferramentas usuais na mineração do ouro e na garimpagem clandestina de diamantes e pedras preciosas.
“Somente mais tarde, aprendendo com a prática, principalmente depois da introdução dos primeiros escravos africanos, que já na sua pátria se tinha ocupado com lavagem do ouro, e de cuja experiência o natural espírito inventivo e esclarecido dos portugueses e brasileiros logo tirou proveito, foi que os mineiros aperfeiçoaram esses processos de extração.”(ESCHWEGE)
Novas técnicas e conhecimento antigos foram incorporados ao dia-a-dia dos mineiros cuiabanos, tais como as gamelas ou bateias de madeira, minimizando as perdas existentes no uso dos carumbés e nos arcaicos pratos de estanho e madeira, que na falta das bateias tinham serventia para lavar os sedimentos auríferos.

Para a construção de bateias de madeira, resistentes ao uso constante, a ação da água e do calor do sol, os negros apropriaram-se do conhecimento dos nativos de diversas etnias existentes na região, e dos sertanistas luso-paulistas, conhecedores profundos da rica biodiversidade da flora pantaneira e peri-pantaneira, pois a vegetação local não era a mesma da que estavam acostumados a encontrar na África.
Enxó improvisada para confecção de bateias e gamelas
“Deve-se principalmente aos negros a adoção das bateias de madeira, redondas e de pouco fundo, de dois a três palmos de diâmetro, que permitem a separação rápida do ouro da terra, quando o cascalho é bastante rico.” (ESCHWEGE).
Nota-se que com a chegada dos negros africanos, principalmente dos Mina, ocorreu naturalmente uma hibridação de culturas, miscigenando os antigos conhecimentos das etnias nativas com as praticas dos luso-brasileiros atuantes nas minas brasileiras e as novas praticas trazidas pelos povos africanos que a muitos anos lidavam com os afazeres mineralógicos de ouro, no velho continente.
O couro de boi e a garimpagem.
Outra técnica trazida pelos africanos foi a construção das canoas de garimpagem e dos bolinetes, nos quais, nos fundo inclinados eram estendidos couro peludo de boi, ou na ausência deste, um pano grosseiro que retinha as partículas pesada do ouro, facilitando muito a lavagem do cascalho e a retirada do precioso metal. Essa tecnologia, adaptada tempos depois deu origem as modernas plantas de lavagem ou calhas.
“A eles se devem, também, as chamadas canoas, nas quais se estende um couro peludo de boi, ou uma flanela, cuja função é reter o ouro, que se apura depois em bateias”. (ESCHWEGE).

Fragmento do quadro de Rugendas: Retirada do couro de boi de um bolinete (a esquerda) e a malhação do couro para a retirada do ouro ( a direita).
O uso do couro de boi em canoas e bolinetes introduzido pelos experientes mineradores da Costa da Mina e de outros países africanos, foi largamente difundida nos centros minerados de todo o Brasil, tanto é que os registros do Senado da Câmara de Vila Rica, apontam que nas Minas Gerais ouve falta do produto, gerando muitas reclamações pelos grandes produtores de ouro.
A escassez do produto gerou inflação com a elevação dos preços, pois os que comercializavam o ouro em pó e em partículas, não podendo ficar sem o produto, pagavam elevados preços, pois adquiriam o produto em grande quantidade.

Preparação do couro bovino (imagem: reprodução mídias sociais)
A técnica da utilização do couro bovino, incorporada largamente pelos mineradores brasileiros, acabou por provocar o interesse de pecuaristas que diante da falta de couro bovino, intensificaram a produção pecuária para o abastecimento dos novos centros populacionais que se formavam ao redor de lavras de extração do ouro e de pedras preciosas. Nota-se aí, mais uma vez, a apropriação de elementos culturais usados no continente africano, adaptados aos costumes brasileiros.
A deportação de povos africanos para o Brasil, muito contribuiu para a formação cultural de nossa nação. Como exemplo cita-se a história do calculista, Thomas Fuller conhecido como Negro Tom. Chegou a América escravizado com 14 anos de idade em 1724, e mesmo nada sabendo de matemática foi considerado pelo pai da psiquiatria americana como um gênio em cálculos. Conta-se a respeito de Tom :
"Testado por dois anti-escravistas, ele foi questionado sobre quantos segundos viveu um homem de 70 anos, 17 dias e 12 horas, ele respondeu em um minuto e meio 2 210 500 800. Um dos senhores que havia agarrado sua caneta para fazer o cálculo disse que ele havia cometido um erro, e que a soma não era tão grande quanto ele havia dito. Ao que o velho respondeu: “Pare, Mestre! Você esqueceu o ano bissexto ”. Adicionando a quantidade de segundos em anos bissextos, os dois totais chegam ao mesmo resultado."

Entre os milhões de escravizados em toda as Américas, quantos e quais foram como o Negro Tom dotados de capacidades extraordinárias, que passaram despercebidos, perdendo-se o registro de suas historias e de suas influencias positivas em nosso dia-a-dia. E nas minas de Cuiabá ? Quantos e quais foram com Tom?
Continua (terceira parte)

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