Fotos: Trupe Monçoeira: (Da esquerda para a direita) Luís Alberto – Declamador solilóquio das monções; Adelino Alexandre, poeta - Academia de Letras do Brasil seccional Coxim MS; Altair Ferreira, Poeta dos estudantes - Academia de Letras do Brasil seccional Coxim MS.
De Araraitaguaba (Porto Feliz- SP) ao Porto de Cuiabá, uma expedição monçoeira poderia levar até 6 meses para chegar. Durante o percurso, além das dificuldades da navegação, haviam também momentos de descanso e de descontração. Nos locais em que a estadia se prolongava um pouco mais, devido a necessidade de pouso, havia roda de fogueira com cantorias, batuques e danças, como forma de descontração e entretenimento. Era o momento em que os camaradas contavam suas estórias para o demais companheiros e viajantes, repassando aos iniciantes as experiências vividas ao longo do trajeto.
Um desses locais de parada era o chamado Pouso Alegre, que ficava logo abaixo da foz do rio Coxim com o Taquari (área urbana da cidade de Coxim). Alí era ponto de encontro de expedições que desciam para Cuiabá ou subiam para o Povoado (São Paulo). O encontro de duas monções era sempre alegre e festivo, sendo finalizado com musicas e danças regadas sempre com aguardente.
Desde as primeiras , na passagem pelo Pouso Alegre, evitavam-se os disparos com armas de fogo e a gritaria, para não chamar a atenção dos nativos Guaicuru que nessa região atacava os viajantes com frequência. A partir de 1.791 foi firmado um acordo de paz entre a Coroa Portuguesa e a nação Guaicuru e as expedições, quando atravessavam a ultima cachoeira do percurso, comemoravam com alegria e muita algazarra
As danças percussivas e ritmadas encetadas pelos camaradas afro-brasileiros eram chamadas de batuque. Com o tempo agregou-se novos elementos aos batuques, surgindo então a dança da moda chamada de “umbigada”, em que os pares em fileiras circulavam apresentando seus passos, finalizando com o toque de umbigo, quando os pares se encontravam tacando o ventre da mulher com o ventre do homem.
Houve um período na historia das monções, que os festejos em alguns ponto de pouso eram tão animados que se prolongavam noite adentro. Essas festividades em volta de fogueiras eram sempre regadas por aguardente provocando bebedeiras descontroladas, muitas vezes ocasionando atrasos nas viagens, com prejuízos para o erário publico. Testa forma o Senado de Cuiabá, diante dos prejuízos crescentes, baixou uma norma proibindo a realização das “umbigadas” nas expedições oficiais.
Na atualidade, como atrativo turístico é realizado o folguedo das monções onde um grupo de artistas que compõem a chamada trupe monçoeira, acompanha o grupo expedicionário, fazendo apresentações nos pontos de parada em cachoeiras, corredeiras, córregos e nas rodas de fogueira quando param para pernoitar. Musicas instrumentais, cantorias, contação de histórias e estórias, causos e declamações poéticas, alegram e entretém os visitantes.
O folguedo das monções tornou-se na realidade, uma oportunidade para os visitantes conhecerem um pouco da cultural regional, os produtores e seus diversos estilos de manifestações. Na Rota, como turismo de base comunitária, além da beleza cênica, do meio ambiente, da cultura do ribeirinho e a gastronomia local, estão presentes cantores, músicos e poetas que compõem a trupe monçoeira.
“Projeto Resgate, Promoção e Valorização do Patrimônio Cultural da Rota das Monções .
Fundo Estadual de Defesa e de Reparação de Interesses Difusos Lesados – FUNLES / OSC Espaço Manancial/ Salt Media”.
Rota das Monções: "Se o Brasil Nasceu na Bahia, o Brasil Cresceu por aqui.”
Saiba mais sobre as Monções: https://www.rotadasmoncoes.com/
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