A carne de peixe, na longa viagem para as minas auríferas de Cuiabá, era um valioso recurso que enriquecia a alimentação dos transeuntes. Devido as dificuldades de armazenamento, as provisões de alimentos eram basicamente os gêneros pouco perecíveis, como a farinha de milho ou de mandioca, o feijão, o toucinho e a carne seca.
Os animais abatidos através da caça melhoravam em muito, a parca e repetitiva alimentação. Viajantes de primeira viagem reclamavam muito, afirmando não aguentar mais comer no almoço, no jantar e ainda no café da manhã, o feijão com toucinho. Nas primeiras semanas era suportável, mas depois de quatro ou cinco meses de viagem, realmente tornava-se pouco apetitoso.
Quando navegavam por rios ricos em peixes, a carne branca do pescado era tida como uma deliciosa iguaria. Os rios, onde havia grandes saltos e cachoeiras, eram pouco piscosos. Mas nos afluentes do rio Paraguai, havia a superabundância de pescado.
“Nos rios, passado Camapuã, há muito peixe, principalmente no rio Taquari, Paraguai, Porrudos e Cuiabá.”(ORDONHES – 1785).
Após passar a última cachoeira da longa viagem, entravam pelo rio Taquari, na planície pantaneira. Desde aquela época, a quantidade de peixes em cardumes que migravam pelo rio, causava admiração.
“...pesca-se tanto peixe e de tanta variedade, e grandeza tão enormes, que causava admiração... (ORDONHES – 1785).
Não era só a quantidade e a variedade dos peixes que impressionava. Era também o tamanho de algumas espécies, que uma vez capturados, poderiam bastecer varias canoas por prolongado tempo. É bom lembrar que algumas monções eram compostas por uma frota de 8, 20, 30 ou mais canoas, havendo muitas bocas a se alimentar.
Os enormes dourados e pacus, mas principalmente os agigantados jaús chamavam a atenção dos viajantes:
“Quase tudo eram dourados de meia arroba de peso, e mais: outros peixes chamados pacús saborosíssimos, e outros jaús de três arrobas [44,1 kg], e mais de peso... (ORDONHES – 1785).
Ainda hoje, na atualidade, os enormes pintados, cacharas e principalmente os jaús pescados, causam grande admiração. Guias práticos das monções ou pescadores artesanais de oficio, frequentemente capturam peixes gigantes, em seus afazeres pelos rios Coxim e Taquari.
A foto abaixo mostra o pescador profissional e guia prático das monções, Antônio Belarmino Filho, que atende pela antonomásia de “mestre Bagaceira”, exibindo alegremente seu troféu de pesca, que embora não indo diretamente para o prato de seus entes, robustece o orçamento mensal, que irá refletir na alimentação e bem estar de seus dependentes.
Atualmente a legislação de pesca do estado de Mato Grosso do Sul, estabelece as medidas mínimas e máximas permitidas para a captura do pescado, como forma de preservar os grandes espécimes.
“Projeto Resgate, Promoção e Valorização do Patrimônio Cultural da Rota das Monções. Fundo Estadual de Defesa e de Reparação de Interesses Difusos Lesados – FUNLES MS / OSC Espaço Manancial/ Salt Media” (Rota das Monções ontem e hoje) .
Rota das Monções: "Se o Brasil nasceu na Bahia, o Brasil cresceu por aqui.”
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