Fotos: Cozinha típica de acampamento de garimpeiro, com panela de ferro, fogão a lenha e prateleira em forma de girau de troncos rústicos; Refeição monçoeira feita na praia (1.824) e vista lateral do restaurante AHAU as margens do rio Taquari.
Ao longo do trajeto de 3.600 quilômetros que separavam o porto de Araraitaguaba (Porto Feliz) ao porto geral de Cuiabá, haviam poucos pontos onde os navegantes poderiam saborear uma refeição preparada em uma cozinha tradicional. Um desses pontos era a fazenda Camapuã, onde a travessia do varadouro levava alguns dias e os viajantes de melhor posse, poderiam alugar quartos para dormir e pagar pelas refeições. Fora isso, as refeições eram preparadas nos pontos de pouso ou de parada, cozinhadas em fogueiras e em caldeirões de ferro.
Era praxe nas monções, o patrão ou chefe da expedição fornecer a alimentação dos camaradas (remadores, piloteiros, guias e proeiros), de seus escravos africanos ou nativos e os demais contratados para minerar ou prestar serviços junto as jazidas de ouro.
“sustentados com farinha de milho e feijão temperado com uma pequena porção de toucinho: a caça e a pesca abundante em quase toda a navegação lhes suprem uma comida um pouco mais agradável” (LEVERGER).
Normalmente o alimento era preparado durante a noite, quando paravam para pernoitar, sobrando um maior tempo para o preparo da refeição. O alimento preparado era servido no jantar e guardado para o café da manhã (tira-torto) e o almoço.
“Soou bem cedo no campo o grito dos camaradas. Por ele se sabe que a tropa inteira foi encontrada no encosto, e por esse motivo é ele sempre agradável aos viajantes. Apesar de ser quase intolerável o comer feijão e a carne seca logo ao romper do dia, fizemos honra ao caldeirão, que os nossos companheiros chamavam – boia” (Joaquim Ferreira Moutinho, 1869).
Ao que parece, o navegante Joaquim Moutinho já não aguentava mais comer feijão com carne seca como café da manhã.
Nos dias atuais os navegantes monçoeiros tem a opção de levar seus lanches prontos na embarcação, alimentar-se em casas de moradores ribeirinhos que no turismo de base comunitária oferecem suas cozinhas para alimentar os visitantes ou retornar a cidade de Coxim e realizar suas refeições em restaurantes instalados as margens do rio Taquari.
Nas cozinhas de base comunitária, servem-se o tradicional “comidinha cabocla”, com frango caipira, feijão com pele e toucinho de porco, mandioca colhida no fundo quintal, e peixe fresco pescado no rio, preparados em fogão a lenha ao estilo da tradicional “comidinha da casa da vovó”. O visitante tem a oportunidade de vivenciar a cultura gastronômica local, que ao estilo do movimento Slow Food, saboreia alimento bom, puro e justo. Alimentação esta, que relembra os tempos coloniais.
Os que preferem uma alimentação mais elaborada, tem a sua disposição, os restaurantes instalados as margens do rio e ao longo da cidade ribeirinha de Coxim.
“Projeto Resgate, Promoção e Valorização do Patrimônio Cultural da Rota das Monções .
Fundo Estadual de Defesa e de Reparação de Interesses Difusos Lesados – FUNLES / OSC Espaço Manancial/ Salt Media”.
Rota das Monções: "Se o Brasil Nasceu na Bahia, o Brasil Cresceu por aqui.”
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